(Tradução e adaptação de Guilherme de Amorim Avilla Gimenez do artigo de Ed Young)
Quando fui comprar meu último veículo, o vendedor fez um comentário ao qual não dei muita atenção. Ele disse: “esses para-choques são especiais para quem viaja muito”. Eu me lembro de ter brincado com ele e retrucado, dizendo: “quem viaja muito precisa de motores possantes e freios fortes”. Comprei o carro.
Alguns meses depois, Lisa e eu estávamos fazendo uma longa viagem para as montanhas, percorrendo mais de 800 milhas. Aproveitei ao máximo o motor do carro nas íngremes montanhas Franklin nos arredores de El Paso. Também fiz bom uso dos freios.
Mas, em uma curva, já iniciando a viagem de volta a Grapevine, entendi bem o que aquele vendedor me dissera alguns meses atrás. Um veículo que vinha na pista oposta fez uma conversão muito aberta e, quando percebi, ele estava literalmente na frente de nosso veículo. Desviei rapidamente, mas cerca de 1/4 da frente de nosso carro se chocou contra o outro automóvel. Nosso veículo capotou três vezes e foi parar do outro lado da pista.
“Aqui na Fellowship Church eu precisei várias vezes de bons para-choques”
Graças a Deus, Lisa e eu fomos protegidos pelo conjunto de air bags e sofremos apenas alguns arranhões. O motorista do outro carro foi levado de helicóptero para o hospital, de onde nunca mais saiu. Ele faleceu dois dias depois do acidente. Enquanto era socorrido ouvi um dos policiais falando alguma coisa sobre para-choques. E mais tarde outro comentário já no hospital.
Vim a entender depois o que o vendedor havia falado: aquele carro tinha para-choques que resistiam mais a acidentes frontais, bem comuns em estradas sinuosas. Quem viaja muito por certo correrá mais riscos de colisões frontais do que aqueles que viajam pouco. Comprei um outro veículo igualzinho ao que perdi no acidente. Glória a Deus pelos para-choques que evitaram uma tragédia maior.
Nos 27 anos de ministério aqui na Fellowship Church eu precisei várias vezes de bons para-choques, e graças a Deus os tive. Todo líder precisa de bons para-choques, pois às vezes o ministério é sinuoso. Traz reais perigos de colisão diante de mudanças radicais ou mesmo insatisfações dos que não entendem ou não querem o avanço. Há muitos irmãos que servem como motores possantes, pois sempre incentivam e eventualmente exigem que tenhamos uma velocidade maior.
“Líderes precisam de ‘para-choques’ os defendam e os protejam em oração diante do inimigo contrário”
Também há muitos irmãos que servem como bons freios: por causa do medo ou precaução nos seguram, nos fazem diminuir o ritmo, pensar e orar mais ou até desistir. Muitos líderes seguem em frente apenas com membros motores possantes e freios. Mas, diante dos acidentes de percurso, esses líderes correm o risco de morrer; de ver seu ministério acabar sem cumprir o propósito de Deus porque, diante de uma estrada sinuosa, acabaram batendo de frente com uma série de perigos reais que enfrentaram como líderes da igreja de Jesus Cristo.
Líderes precisam de para-choques, de irmãos que os defendam e os protejam em oração diante do inimigo que ferozmente vem em sentido contrário ao avanço do evangelho e da santidade. Líderes precisam de para-choques, de irmãos que os defendam e os protejam diante das fofocas, das acusações maldosas, dos ataques verbais, das cobranças exageradas e das reclamações infundadas.
Líderes precisam de para-choques, de irmãos que os defendam e os protejam da agenda pesada e muitas vezes desnecessária, recheada de itens que podem ser facilmente absorvidos por outros irmãos. Líderes precisam de para-choques, de irmãos que os defendam e os protejam diante do burnout, da solidão que gera depressão, das preocupações com o sustento material diante de crises financeiras, de doenças próprias das pressões comuns da liderança e de outros veículos que sempre vêm em direção contrária.
“Que Deus dê a cada colega pastor os para-choques”
Se o motor não for tão possante, ainda assim será possível chegar ao destino, porém com atraso. Se os freios não forem muito bons, pode-se diminuir a velocidade para não correr riscos; se for o caso, pode-se parar e consertar. Mas, sem um bom para-choques, até em velocidade baixa a colisão poderá ser fatal. Para o avanço é necessário ter um mínimo de garantias, ter uma equipe que será proteção dedicada diante das possíveis e prováveis colisões durante o percurso cheio de curvas, principalmente nesse ambiente pós-moderno que jaz no maligno.
Obrigado aos meus para-choques, meus parceiros, meus companheiros de caminhada. Obrigado pela proteção diante dos lábios maldosos e das mentes não renovadas por Deus que projetam sobre a igreja e os pastores ideais não cristãos. Obrigado por terem segurado tantas colisões que por certo interromperiam o que, pela graça de Deus, estamos fazendo no poder do Espírito Santo. Que Deus dê a cada colega pastor os para-choques.
Já que não podemos parar, então que sigamos firmes e protegidos por esses homens e mulheres que são notáveis para-choques, anjos em forma de gente que, com palavras e gestos, permitem que esses servos de Deus sigam em frente, fazendo do ministério “uma alegria e não um peso, pois isso não seria proveitoso para vocês” (Hebreus 13:17).