A seção Cultura da Revista Batistas SP na edição 12 apresenta entre as sugestões literárias para janeiro-fevereiro três obras singulares da editora Vozes. Os três livros são indispensáveis para estudiosos e todos que busca compreender os tempos contemporâneos.
Na primeira recomendação para ler nessas férias está “A era da pós-verdade: desonestidade e enganação na vida contemporânea”, de Ralph Keyes. Keyes é resgatou o termo “pós-verdade”, criado, segundo ele, em 1992, pelo novelista Steve Tesich. A expressão vem sendo utilizada em larga escala diante da “desimportância” de uma declaração e/ou narrativa condizer intrinsecamente com um fato ou acontecimento em si.
O autor é contundente na análise do comportamento humano na atualidade – área em que é especialista – e afirma que a “consciência é considerada antiquada”, portanto, uma crise nessa esfera foi “substituída pelo cinismo”. Mas, nas três partes da obra, ele vai desenvolvendo o tema até concluir que há razão em defender a honestidade nesse período de “pós-ética”.
“A causa óbvia do aumento
da desonestidade é o declínio ético”
(Trecho de “A era das pós-verdade”)
O estudioso faz inserções de situações ou histórias curiosas, e recheia o livro com bastante dados comprobatórios dos argumentos. “A era da pós-verdade” tem 312 páginas e sai por R$ 65.
Já com a perspectiva de atualizar os conhecimentos acadêmicos a partir de novas descobertas, o livro dos arqueólogos Israel Finkelstein e Neil Asher Silberman oferece retrato revisado da presença histórica do povo israelita e dos vizinhos daquela época.
A obra dos renomados pesquisadores da antiguidade de Israel cobre um período importantes da tradição hebreia, como os patriarcas, o Êxodo, a conquista de Canaã, a consolidação dos reinos e, culmina, no exílio e no retorno do cativeiro babilônico. Merece ser lida com atenção e apoiada por pesquisas paralelas – até porque alguns pontos de vista dos autores são controversos. “A Bíblia Desenterrada” tem 392 páginas, e é material primordial a seminaristas, pastores e professores de áreas bíblicas relacionadas ao Antigo Testamento. Custa R$ 85.
“… os evangélicos emergentes tomam emprestado
e misturam, inovam e arrendam, tudo isto enquanto
afirmam voltar ao ‘básico’ ou aos ‘fundamentos’.”
(Trecho de “Introdução à antropologia da religião”)
Completando essa lista, “Introdução à antropologia da religião” (544 páginas) traça uma abordagem do tema sob o viés do estudo da religião. O título do antropólogo Jack David Eller apresenta definições e teorias de termos usados frequentemente – como religião mesmo, por exemplo – e os desenvolve a partir de diversas crenças. Didático, cada um dos 12 capítulos termina com perguntas para reflexão e uma breve conclusão.
A obra tem suporte extra, como materiais de estudo e recursos de apoio, disponível na internet (em inglês). Experiências nacionais, como Santo Daime são retratadas no livro, ao lado de temas sensíveis, como violência, secularização e fundamentalismo. Um capítulo fala da visão de antropologia no cristianismo e no islamismo, e outro reflete sobre o movimento antirreligião. “Introdução à antropologia da religião” está à venda por R$ 110. Recentes no mercado, essas três ferramentas que dão peso para os estudos foram lançadas em 2018.