A jornalista colaboradora Edna Geraldo trouxe à edição 20 da Revista Batistas SP (BSP) reportagem sobre doação de leite materno e bancos de leite humano. O texto é o 3º da série “Doar é Amar”, que já abordou doação de sangue e plaquetas, e doação de bens materiais. Objetivo do veículo oficial da Convenção Batista do Estado de São Paulo (CBESP) é ressaltar e incentivar o aspecto solidário do e no povo batista.
Com edição exclusivamente em formato digital, a revista traz ainda outros conteúdos, como os artigos escritos pelas lideranças das organizações batistas do estado de São Paulo. Clique aqui e tenha acesso a essa e a edições anteriores. As publicações estão disponíveis também na seção de conteúdo do Aplicativo CBESP.
Doação que faz crescer*
Reportagem de Edna Geraldo
Desde que a pandemia provocada pelo Covid-19 assolou o planeta, temos visto a solidariedade se manifestar das mais diversas formas, seja entre cristãos ou não. Doações de roupas, alimentos e recursos financeiros são recorrentes, em todos os países do mundo.
Mas existe um tipo de doação único, oriundo de um ato de amor maternal, que por muitas vezes salva vidas: a doação de leite materno. Muitos bebês, por diversas razões, dependem do chamado “leite humano” para sua sobrevivência. Na outra ponta, muitas mamães se tornam doadoras de leite, num ato de amor que é partilhado entre seus bebês e os que necessitam desse recurso. Esse é o assunto da terceira reportagem da série “Doar é amar”, produzida pela Revista Batistas SP.
Durante a gravidez, as futuras mamães são orientadas sobre a importância da amamentação e da também importante doação do leite materno. “É evidente que a doação deve ser feita sem prejuízo do próprio filho e feita para um banco de leite e não diretamente para outra criança. Esse leite devidamente analisado pelo banco será doado para as crianças prematuras, de baixo peso, que estão internadas em unidades neonatais e que não podem ser alimentadas diretamente nos seios de suas mães. Esse trabalho realizado pelos bancos de leite realmente tem salvado muitos bebês nas UTIs”, informou o médico Francisco de Agostinho Junior, professor e doutor em Pediatria.
“O leite materno inegavelmente é em tudo o melhor leite, da fonte ao consumidor e espécie-específico. Sua qualidade imunológica é garantida por possuir em sua composição imunoglobulinas, enzimas antibacterianas, leucócitos, lipídeos antivirais e oligossacarídeos que permitem uma colonização do intestino da criança por bactérias benéficas. Seus nutrientes constituídos por proteínas, hidratos de carbono (lactose), gorduras e água mantém o bebê hidratado”, concluiu.
Para ser doadora, a mamãe precisa ter boa saúde, e é de fundamental importância que não falte leite para seu bebê, conforme destacou ainda o pediatra. Algo experimentado por Juliana Binatto Schaer Gonzaga, que doou leite durante seis meses. “Quanto mais leite eu doava, mais produzia”, contou. Tendo seu marido como principal incentivador, entraram em contato com o Banco de Leite em Presidente Prudente, interior paulista, que levava os potinhos em sua casa e depois retirava com o leite armazenado. “A sensação de alegria e gratidão em poder contribuir para a vida e saúde de outros bebês é indescritível. Se tiverem condições de doar leite materno, não deixem de praticar esse ato de solidariedade e amor”, diz Juliana que se tornou defensora do incentivo à doação de leite.
“Não havendo contra indicação médica, sem dúvida o leite materno constitui a primeira grande benção para esse que é a herança do Senhor”, ressaltou o pediatra Francisco Agostinho Junior.
SURGIMENTO DOS BANCOS DE LEITE HUMANO NO BRASIL
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o primeiro Banco de Leite Humano (BLH) do Brasil foi implantado em outubro de 1943. Ele foi desenhado com o propósito de funcionar como uma instituição de proteção social e instalado no Instituto Fernandes Figueira. Seu principal objetivo era coletar e distribuir leite humano com vistas a atender os casos considerados especiais, como prematuridade, distúrbios nutricionais e alergias a proteínas encontradas em leites industrializados.
No período de 1943 a 1985, os BLHs no Brasil funcionaram com o único objetivo de obter leite humano. Para tanto, adotavam estratégias muitas vezes questionáveis. A doação não resultava de um processo voluntário e consciente, como nos dias atuais, que depende única e exclusivamente da solidariedade. A partir de 1985, o Brasil experimentou uma expansão dessas unidades, adaptadas à realidade nacional, o que possibilitou enfrentar com tranqüilidade técnica os riscos decorrentes da contaminação por HIV.
Para os BLHs, o “Dia Nacional de Doação de Leite Humano” é um momento especial de sensibilização da sociedade para a importância da doação de leite humano. Assim como, uma iniciativa a mais para a proteção e promoção do aleitamento materno. Hoje existem 224 unidades distribuídas no Brasil, conforme informações da Fundação Oswaldo Cruz.
A lei federal 13.227, de 28/12/2015, instituiu o “Dia Nacional de Doação de Leite Humano” a ser comemorado, anualmente, no dia 19 de maio, e a “Semana Nacional de Doação de Leite Humano”, a ser comemorada, anualmente, na semana que incluir o dia 19 de maio. Estimular a doação de leite materno, promover debates sobre a importância do aleitamento materno e da doação de leite humano, divulgar os bancos de leite humano nos Estados e nos Municípios é objetivo da data. Para realizar sua doação, basta se dirigir a uma unidade do BLH.
* Reproduzido a partir da Revista Batistas SP (Ano IV / Edição 20).