Diretor geral do Colégio Batista Brasileiro, Gézio Duarte Medrado escreveu artigo analisando a discussão do decreto de posse de armas publicado pelo governo federal na edição de março-abril da Revista Batistas SP (BSP). O professor aponta argumentos – principalmente com enfoque bíblico – para levar o leitor a pensar no tema – e nos princípios fundamentais à fé cristã.
Além desse texto, o site da CBESP publicou outros conteúdos da BSP 13, como as reportagens sobre feminicídio e outros tipos de agressão contra mulheres e sobre ministérios de inclusão a pessoas com Síndrome de Down, e os artigos do presidente da CBESP e do diretor executivo do CAM. Veículo oficial da Convenção, a Revista Batistas SP tem periodicidade bimestralmente. Clique aqui e acesse as edições anteriores. Faça também seu cadastro e receba gratuitamente as próximas publicações.
Amar-nos ou amar-nos?*
“Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra,
mas um só pecador destrói muitas coisas boas.” (Ec 9.18)
“No meio das armas, calam-se as leis”. (Cícero)
O decreto assinado pelo governo recentemente, flexibilizando a posse de armas veio, segundo informações do próprio governo, para atender a um anseio de parte da população por exercer a legítima defesa. Mas, a pergunta que se faz é: o fato de se ter uma arma garante mesmo esse direito? O mesmo decreto, entretanto, não muda as regras para o porte e, por isso, o cidadão fica restrito na sua utilização. Não tratarei aqui, sobre o direito de carregar armas na rua – o porte -, nem sua posse, em casa, ou no local de trabalho etc, etc…
Como cidadão, educador, professor universitário, ex-juiz do Trabalho e diretor de estabelecimento de ensino como o Colégio Batista Brasileiro, jamais colocaria a minha confiança no porte ou na posse de arma. Instâncias próprias, como forças policiais com aquiescência governamental e de lei, devem ser responsáveis e responsabilizadas para tal. Caso contrário, vamos estabelecer o caos, mediante a institucionalização do que eu devo ou não praticar independente da hierarquia pré-estabelecida.
A Bíblia é sábia nos seus ensinamentos: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores porque não há autoridade que não proceda de Deus e as autoridades que existem foram instituídas por Ele. De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação; porque não é sem motivo que ela traz a espada pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal” (Rm 13.1-2, 4).
Se parafrasearmos Cícero, que diz: “Os resultados das armas são sempre incertos e temíveis” -, chegaremos ao fato incontestável que o melhor caminho é amar e não armar. “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Nessa palavra estão resumidos todos os mandamentos”.
‘O resultado das armas
são sempre incertos
e temíveis’ (Cícero)
O mais conhecido músico de reggae de todos os tempos, Bob Marley, famoso por levar através da sua música ideias de paz, irmandade, igualdade social, preservação ambiental, liberdade e amor, sintetiza magistralmente, em uma única frase: “Se todos dermos as mãos, quem sacará as armas?”.
Tudo isso, porém, está muito bem estabelecido no mundo da teoria. Falta-nos, de fato, partirmos para a prática. Mais uma vez, o ensino cristão é precioso ao confrontarmos com a realidade: “Se sabeis estas coisas, bem aventurados sois se as fizerdes.”
Pense, pense muito bem antes de agir. Aconselhe-se com Deus. Ele, com certeza, te dará a melhor e a mais linda solução: ARMAR ou AMAR!
Gézio Duarte Medrado
Diretor geral do Colégio Batista Brasileiro
* Reproduzido a partir da Revista Batistas SP (Ano III / Edição 13).