No Mês da Mulher, BSP 13 expõe agressão doméstica

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Edição referente aos meses de março-abril, a Revista Batistas SP (BSP) trouxe reportagem sobre feminicídio e outros tipos de agressão contra mulheres. O texto é acompanhado de informações de especialistas e de posicionamento das instituições batistas ligadas Convenção Batista do Estado de São Paulo (CBESP) que ministram às mulheres, como a União Feminina Missionária (UFMBESP) e a União de Esposas de Pastores Batistas (UEPBESP). 

O site da Convenção publicou outro conteúdo da BSP 13. A reportagem abordou ministérios de inclusão a pessoas com Síndrome de Down. A Revista Batistas SP é o veículo oficial da CBESP. A periodicidade é bimestralmente. Clique aqui e tenha acesso as edições anteriores. Aproveite e faça seu cadastro para receber gratuitamente em sua casa as próximas.

O que é isso, meu irmão?!*

Por Chico Junior

Dados divulgados à ocasião do Dia Internacional da Mulher revelam que o número de feminicídio cresceu 12% em um ano. Segundo esse levantamento feito pelo Monitor da Violência, foram 1.173 mulheres assassinadas em 2018. “Os números são alarmantes – não pense que essas coisas só acontecem em lares não cristãos. Muitas vítimas de agressão/violência estão nas igrejas evangélicas, todos os domingos, e algumas até ocupam postos de liderança. A agressão/violência é o segredo mais bem guardado. Queremos dar luz a esse assunto e alertar a igreja”, argumentou a psicóloga e educadora cristã Silvana Nunes Lucio dos Santos.

Mais de 1.100 mulheres foram assassinadas em 2018

A especialista relata ainda que, em durante sua experiência no Núcleo de Apoio Psicológico e Jurídico (NPJ), da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, a maioria das denúncias feitas pelo número 100 que chegavam ao NPJ era de famílias evangélicas.

“A igreja não está fora desse problema”
(Valéria Cristina Vilhena, sobre a violência contra cristãs)

Esse cenário trágico é reforçado pelas informações da pedagoga e pós-doutoranda em Ciências da Religião Valéria Cristina Vilhena. Em estudo feito entre 2007 e 2009 com atendidas na Casa Sofia, instituição localizada na zona sul da capital e referência, à época, no atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica, a pesquisadora constatou que quase 40% se autodeclaravam evangélicas. Algumas delas, inclusive, esposas de líderes e pastores. “É preciso realmente que a igreja se conscientize dessa chaga social, e que aquele irmão que o cumprimenta com a ‘paz do Senhor’, ele pode ser um agressor.”

Para ela, a distância de uma década na realização do levantamento parece demonstrar que, infelizmente, a violência contra mulheres evangélicas também acompanhou a evolução geral do quadro de agressão, principalmente no ambiente de casa.

Agressões de diversos tipos acontecem dentro de casa

O “Raio X do Feminicídio”, feito no ano passado pelo Ministério Público de São Paulo, mostrou que 58% dos casos foram por faca, foice ou canivete. Mesmo percentual sinaliza que os crimes ocorreram entre 18 e 6h. Já arma de fogo foi utilizada contra 25% das mulheres entre pessoas assassinadas a tiros em 2017. Ambas incidências no lar. “Quando a gente fica diante de dados como o do SUS, em que 406 mulheres são atendidas por dia vítimas de violência doméstica, quantas delas são evangélicas?”, questionou Valéria.

Além de atos físicos, os ataques às mulheres podem incluir violência psicológica, sexual, financeira, moral, e religiosa. As duas entrevistadas apontaram o aspecto da religião, por vezes, como elemento que leva uma mulher a manter um relacionamento abusivo. “Ela fica se sentindo também responsável pela ‘salvação’ daquele homem, e um dos motivos também pelo qual ela se submete (às agressões)”, resumiu Valéria.

2 de 3 vítimas de feminicídio foram
atacadas dentro da própria casa
Homem recebeu vocação de Deus de cuidar da mulher

O raciocínio sobre pressão religiosa é seguido também por Silvana. “Um dos problemas mais impressionantes na relação entre a agressão/violência intrafamiliar é a igreja, com alguns ensinamentos distorcidos”, afirmou.

Em prol das mulheres e famílias que sofrem esse drama, União Feminina Missionária Batista do Estado de São Paulo (UFMBESP) e União de Esposas de Pastores Batistas do Estado de São Paulo (UEPBESP) planejam somar forças no apoio às vítimas e também com medidas para conscientização.

As duas instituições da Convenção Batista do Estado de São Paulo (CBESP) destacaram que ainda há um “silêncio velado” sobre esse assunto. “Que o silêncio de nossas mulheres permaneça velando somente a paz, o amor, ternura e muitas alegrias na segurança de seus lares esta é nossa oração e missão”, argumentou a presidente da UEPBESP, Alexandra Bezerra da Silva Barros. À reportagem da Batistas SP, a diretora executiva da UFMBESP, Mirian Vasconcelos Damasceno Barbosa, disse que União Feminina e UEPBESP preveem incluir este assunto em suas agendas de programação.

* Reproduzido a partir da Revista Batistas SP (Ano III / Edição 13).

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