Se procurarmos no dicionário o significado da palavra Carnaval, teremos definições do tipo: “Período de três dias de folia que precede a quarta-feira de cinzas, durante o qual, com o afrouxamento das normas morais, se dá o irromper de recalques, por meio de danças, cantos, trejeitos, indumentária diversa da habitual etc.” (“Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa”).
Lendo uma definição dessas sobre o Carnaval, fico refletindo sobre qual é a postura ideal de um cristão em relação a essa festa. Será coerente cristãos participarem de uma festa que é reconhecida como um período de “afrouxamento das normas morais”? Se seguirmos nas definições, virão outras, como “festa da carne”. E, excluindo definições, o imaginário popular a respeito do Carnaval não é diferente. Ele é visto como uma festa de nudez, sexo livre, drogas, comportamento moral inadequado.
Diante desse imaginário, faço a mesma reflexão: é coerente um cristão participar do Carnaval? Por mais que tente enxergar o aspecto folclórico do Carnaval, não consigo concordar com a participação de cristãos nessa festividade. Ela não combina com nossos padrões éticos nem com nosso princípio de santidade diante de Deus. O apelo carnavalesco é o da carnalidade, ou seja, de uma entrega aos prazeres da carne, que, biblicamente falando, se referem à natureza humana não regenerada pelo Espírito Santo nem disposta a se render à Palavra de Deus.
E, considerando isso, a Bíblia traz uma advertência séria, encontrada em Romanos 8.5-10: “Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça”. O resumo deste texto para mim é simples: cristãos não celebram a carnalidade!
É incoerente para um servo de Deus se entregar aos prazeres da carne, pois Deus condena tal atitude. O Carnaval, por essência, não é uma festa que deveria nos atrair, ainda que a alegação de muitos seja o aspecto folclórico. Aliás, lembremos que há muitos elementos folclóricos na religiosidade brasileira que originalmente eram pagãos, oriundos principalmente das religiões afro e indígena. O folclore pode ser perigosíssimo quando aceito sem questionamentos e avaliação criteriosa. Não podemos permitir que o folclore nos desvie de nosso referencial de fé e prática que é a palavra de Deus.
Terminando minhas reflexões, incluo a pergunta que me fizeram já várias e várias vezes: “Seus filhos pequenos participam da festa do Carnaval?”. Minha resposta sempre é a mesma: “Não”. E, se depender de mim e de minha esposa, continuarão não participando. Não encontro qualquer incentivo para a participação de meus filhos nos bailes carnavalescos, ainda que sejam inocentes do ponto de vista da moralidade e até tragam temas infantis. Minha questão em relação às crianças é a coerência.
Não quero passar pela mesma situação de um casal conhecido que, com dificuldade, teve que responder à seguinte pergunta: “Se eu posso participar do Carnaval na minha escola, por que o senhor não pode participar lá no seu clube?”. Acho bem mais simples ensinar a meus filhos pequenos que participar do Carnaval é uma opção e que, como cristãos, nossa opção em família é não participar. Em minha mente, fico mais tranquilo dessa forma e sinto que estou honrando a Deus mais do que se deixasse meus filhos participando do bailinho ou da festinha.
Há muitos eventos que são, sob o meu ponto de vista, bem mais sadios e que, no futuro, me livrarão de questionamentos éticos e morais que como pai não desejo enfrentar. Por razões de consciência, diante da Palavra de Deus, não concordo com a participação de cristãos em festas de Carnaval. Seria hipócrita se concordasse. Sinto-me leve e honesto dessa forma. E, como líder espiritual de tantas pessoas, compartilho essas reflexões, em amor e sem julgamentos, mas consciente do que entendo ser mais proveitoso para o Reino de Deus. “Por isso procuro sempre conservar minha consciência limpa diante de Deus e dos homens” (Atos 24.16).