Antes de aprender a voar, o pássaro aprende a andar. O primeiro deslocamento que o pássaro faz é no chão, andando, até que, em determinado momento, ele começa a se deslocar nos ares, batendo suas asas. E mesmo depois disso, por várias vezes ele fará uso de seus pés, pois nem todas as suas atividades serão feitas no ar. Os pássaros voam quando precisam e andam quando precisam. Aqui está uma grande lição para os homens: há momentos em que não precisamos voar, mas sim andar. Em um mesmo dia, andaremos e voaremos. Para atingir um mesmo objetivo faremos parte do percurso no ar e parte no chão.
Usando a figura do voo para representar as grandes conquistas, os grandes sonhos e os desafios de longo prazo, e a figura da caminhada como sendo as rotinas, os objetivos menores e até mesmo as questões do dia a dia, podemos tirar algumas conclusões muito importantes: a) Nenhum pássaro vive apenas no ar ou apenas no chão. Para alcançarmos nossos objetivos precisamos tanto dos grandes sonhos e das metas de longo prazo como também das rotinas mais comuns e simplórias do dia a dia. Ninguém vive só de sonho, mas também não pode viver só das rotinas; b) As asas foram feitas para voar e os pés para andar. Cada processo exige determinadas habilidades. Para estabelecer as metas de longo prazo temos que desenvolver habilidades bem diferentes daquelas exigidas para as rotinas do dia a dia. Parece-nos que as destrezas para desenvolver as rotinas são mais fáceis de se adquirir ou desenvolver, por isso é que começamos por elas, andando. As habilidades para desenvolver as metas e sonhar com o futuro são mais difíceis de se obter, exigindo estudo, mentoria, aquisição de técnicas específicas. c) Podemos desaprender a voar, mas nunca de andar. Até os pássaros podem desaprender a voar. Pesquisas mostram que pássaros que tiveram asas cortadas ou que foram obrigados a viver em um cativeiro que os impedia de voar foram perdendo a facilidade dos voos naturais e, quando tiveram que voar novamente, experimentaram desconforto e por vezes até demoraram para voar novamente. Se ficamos muito tempo sem sonhar, sem olhar para o futuro e sem criar metas, podemos aos poucos ir perdendo a habilidade, até nos acostumarmos apenas com as rotinas do dia a dia. d) Andar pode ser bom, mas voar é melhor. As asas são bênçãos para os pássaros e os sonhos são bênçãos para os homens. Desenvolver uma rotina com excelência é algo importante e pode gerar satisfação, mas sonhar e desenvolver projetos que alterem o futuro, criando novas e melhores condições, é muito melhor. Voar é infinitamente mais desafiador emocionalmente do que andar. Todos deveriam voar através de um olhar cheio de sonhos em relação ao futuro.
Aprendamos com os pássaros e voemos. Aprendamos com os pássaros e caminhemos. E que nossa trajetória seja – se possível – mais nos ares do que no chão.