Reportagem da BSP lança olhar para envelhecimento

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A reportagem principal da edição novembro-dezembro da Revista Batistas SP (BSP) refletiu o drama de quem começa a ver a idade chegar e precisa de atenção especial, geralmente para ações simples e corriqueiras do dia a dia.

O texto aponta que, infelizmente, apenas uma parcela pequena desse grupo de idosos conseguem receber atendimentos especializados em instituições de longa permanência (ILPI), como os oferecidos pela organização Recanto dos Avós

Entre os outros textos da BSP 11 reproduzidos no site da CBESP, há o que aborda a evangelização de jogadores de videogames, os 114 anos da Convenção, e artigos da Ordem dos Diáconos e Diaconisas Batistas do Estado de São Paulo (ODBESP), da seção São Paulo da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB-SP), da União Feminina Missionária Batista do Estado de São Paulo (UFMBESP), e da União Missionária Masculina Batista do Estado de São Paulo (UMMBESP). Leia essa e as edições anteriores por esse link. Faça seu cadastro e receba a BSP na sua casa a partir de 2019.

Bons tempos para os velhos*

Por Chico Junior / Fotos: Renato Osis (CBESP)

Uma idade avançada pode carregar maldição. Doenças crônicas, fragilidades físicas e mentais se configuram como tormentos aos mais longevos. Estudo aponta que milhões de idosos brasileiros precisam de cuidados profissionais prolongados. O que deve ser feito por essa população? 

Quase 40 milhões de idosos precisam de cuidados diários

Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), daqui 12 anos, o total de pessoas com idade acima de 45 anos será o único a crescer. O Brasil terá mais grisalhos. O envelhecimento, porém, pode ser uma barra pesada. A perda de mobilidade e o surgimento de doenças afetam o convívio social, desestimulam os idosos e criam, por vezes, circunstâncias limites aos seus familiares. 

De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), o número de casos dessa doença na população de 60 anos ou mais chega a 1,2 milhão no País. Entre os mais velhos, 30 milhões precisam de cuidadores e 9 milhões demandam cuidados profissionais de longa duração, revela o Ministério da Saúde. 

O estudo do IPEA aponta ainda que 1,9 milhão de brasileiros na terceira idade moram na casa de filhos, genros ou outros parentes. Nesse grupo, a maioria é de mulheres (75,3%), que, por viver mais, ficam viúvas e experimentam um período maior de vulnerabilidade física e/ou mental. Na capital paulista, perto de 5 mil idosos moram sozinhos e sem ninguém para lhes ajudar – sequer em casos de emergência. 

Grupo de mulheres compartilha a Palavra no Recanto dos Avós

Com chancela da Organização Mundial de Saúde (OMS), prêmios internacionais promovem a criação de moradias que atendam às necessidades dos mais velhos. Realidade na Europa e nos Estados Unidos. O Brasil ainda engatinha no assunto. “Culturalmente, o latino-americano não aceita de bom grado a questão da institucionalização. Ele ainda tem muito preconceito em falar de colocar alguém em uma instituição. Isso precisa mudar, porque uma instituição é um recurso”, afirmou a professora da Universidade de São Paulo (USP) Yeda Duarte. A frase da coordenadora do estudo Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (SABE), e responsável pela criação do primeiro curso de graduação em Gerontologia da USP, foi em palestra na Câmara Municipal de São Paulo. 

“A cultura brasileira não coloca o idoso onde deveria estar”, declarou o pastor Eli Bento Correa. Aos 71 anos, ele vem se dedicando a escrever. Abriu uma editora e mira na “terceira idade” – expressão essa originada na França, lá pelos anos 70. O pastor aponta que o cuidado social e denominacional com os idosos evoluiu desde 2004, mas ainda está longe do ideal. Daí, ele apela para um despertar. “A igreja que não estiver preocupada com as duas pontas, o nascente e o poente, está fadada a ser irrelevante.” Para o pastor, elas já são “terminais de idosos”, que buscam acolhimento e afetividade. “Aquelas que pregam e vivem amor vão receber esse público.” 

Essa é a experiência na Igreja Batista em Vila Mariana (Capital). Líder do Vila Sênior, ministério com pessoas acima dos 60, pastor Eduardo Gomes Filho, 43, conta que há 4 anos percebe o engajamento na “celebração da vida com Cristo”. “Começaram a participar porque deixaram de achar que era um grupo para quem a vida estava no fim da vida. Reunião da terceira idade não é pra se falar de doença”, disse ao comentar da disposição contagiante dos mais velhos em fazer intercâmbios, almoços, chás, e ir a parques de diversões. A pedido da reportagem, ele deu orientações a igrejas que desejam iniciar trabalhos assim (veja no box ao lado). 

Também atenta a esse público, a equipe de 32 funcionários do Recanto dos Avós cuida hoje de 25 residentes – a capacidade é para 38. Cesario Lopes de Oliveira é o mais novo deles, com 63 anos. Já a decana é Dolores Castilho, aos 96. Solteira, ela disse que a “sorte não a ajudou” a conhecer alguém para casar. “Eu gosto daqui porque as meninas são muito boas pra gente”, comentou sobre sua estadia. “As meninas” citadas são as atendentes e as 13 enfermeiras lideradas pela enfermeira chefe Rozilda Medeiros, durante as 24 horas do dia. Parte desse cuidado integral está na visita de um geriatra, que vai à unidade a cada 15 dias. 

Pastor Eli Bento Corrêa apresenta nessa obra nove capítulos com orientações importantes para e sobre idosos, como dicas com saúde e no deslocamento. Livro traz até piadas, para oferecer estímulo ao bom humor

Localizado em Guarulhos, o Recanto é modelo de excelência no município da Grande São Paulo, tanto pela infraestrutura quanto pelo serviço oferecido. Com muita área verde, o ambiente de 16,5 mil m² propicia atividades diárias, como ginástica laboral, acompanhamentos psicológico e de assistência social. A espiritualidade também é cultivada e incentivada, com abertura de visitas a igrejas e voluntários. Aos 85 anos, Massao Shinzato está no Recanto há 15. “Estou aprendendo muito de Jesus aqui”, disse. Ele é cristão desde os 25. Um grupo de mulheres da Assembleia de Deus vai regularmente cantar, orar e cultuar a Deus.

Contar com equipe especializada é ter melhor condição de vida

A vitalidade dos residentes é estimulada. Uma parceria com uma viação municipal possibilita que os idosos façam passeios regulares. Do outro lado, 1.000 funcionários da empresa passaram por capacitação para melhor lidar com passageiros de mais idade.

‘Eu voltei à mocidade’
Eduardo Gomes Filho, pedagogo e pastor da 3ª idade

No País, só 1% da terceira idade reside em instituições de longa permanência para idosos (ILPI). A baixa procura é algo que afeta impede atendimentos melhores, avalia o presidente da entidade responsável pelo Recanto (ASFEB), pastor Moacir Tang. Para ele, o apoio do povo batista e o ingresso de residentes são primordiais à manutenção do local.

 * Reproduzido a partir da Revista Batistas SP (Ano II / Edição 11).

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